Por Fernando Calmon:
A partir de 1º de janeiro de 2014, nenhum modelo poderá ser comercializado no Brasil sem freios antitravamento (ABS). A importância desse dispositivo muitas vezes é mal compreendida. Seu funcionamento permite manter o controle do volante em uma frenagem emergencial e encurta a distância de parada, especialmente em piso molhado ou escorregadio. Para o máximo de eficiência o motorista precisa aplicar força total ao pedal de freio. Essa função é exercida de forma automática pelo BAS (Sistema de Assistência aos Freios, em inglês), ainda não obrigatório no País, mas deveria sê-lo.
Há outras tecnologias que nasceram em função de sensores, atuadores e controles do ABS. Bem conhecido é o ESC (Controle Eletrônico de Estabilidade), em processo de obrigatoriedade paulatina nos carros novos nos EUA e na Europa. ESC também evoluiu e inibe situações em que podem ocorrer capotagem ou um reboque ziguezaguear.
Ao lado da sensível evolução da capacidade de processamento, volume, peso e custo do ABS caíram de preço substancialmente, desde sua introdução em 1978. Permitiu que carros mais baratos o adotassem. No entanto, há desafios pela frente.
Ampliar o uso de sistemas para evitar acidentes ou mitigar seus efeitos (diminuindo a velocidade de colisão) exige controles eletrônicos que possam gerar enormes pressões hidráulicas de frenagem, em curto período de atuação.
Hoje, bombas de vácuo auxiliam nesse papel. Mas também é necessária a integração crescente entre freios regenerativos (para recarregar baterias) e os convencionais por atrito, de forma amigável ao motorista. Assistência totalmente elétrica seria uma solução, porém há resistências depois que um fabricante de grande prestígio experimentou sérias dificuldades em campo e abandonou a tecnologia.
Assistência elétrica, no entanto, chegará algum dia, até em razão do prometido futuro direcionado aos carros elétricos em cidades. Sem contar que automóveis convencionais serão produzidos ainda por décadas. Enquanto aquele cenário não se concretiza, há uma aplicação parcial, simples e universal. Freio de estacionamento com acionamento elétrico (foto) que já está disponível, por ora, em modelos caros e agrega vantagens.
Para citar algumas: retirada da alavanca ou pedal do freio auxiliar e a consequente liberação de precioso espaço no habitáculo; eliminação de cabos de aço que se desgastam e exigem regulagens constantes; acionamento com eficácia total sem exigir esforço físico, mesmo ao travar e destravar (mulheres, em especial, agradecem); facilidade de instalação nas rodas traseiras ou dianteiras; apenas um botão para acionar.
Benefício secundário, porém bastante útil, é a possível atuação automática em subidas e descidas. Além disso, em câmbios automáticos, na posição D (Drive), dispensa o motorista de pisar no pedal do freio de serviço para anular o pequeno deslocamento do carro em marcha lenta. Quem enfrenta o para-e-anda do trânsito sabe o que incomoda ao longo da jornada.