Fernando Calmon
Engenheiro e consultor técnico de comunicação e de mercado e jornalista especializado desde 1967. Seus textos são publicados simultaneamente em 35 jornais, revistas e sites no Brasil e no exterior. A coluna - Alta Roda - começou a ser publicada em 1999 e firmou-se como referência no jornalismo especializado pela independência e análises objetivas.
Ver artigos deste autorObviamente nada foi combinado entre Chevrolet (Montana), Ford (F-150), VW (Polo Track)e GWM (H6 GT). Porém quatro modelos novos lançados ou apresentados (caso da GWM) neste mês indicam que o consumidor brasileiro terá ainda mais opções no largo intervalo de preço deR$ 80.000 a R$ 500.000.
Montana em quatro versões para todos os gostos
Uma picape de cabine dupla intermediária entre as compactas e as médias é o lançamento mais importante da Chevrolet dos últimos anos. A Montana concorre diretamente com a Renault Oroch. As duas têm praticamente as mesmas dimensões, como já havia comentado aqui em 2022, quando o modelo disfarçado chegou a gerar afirmações equivocadas de que estaria próximo ao porte da Toro. Com comprimento de 4.717 mm, 2.800 mm de entre-eixos, 1.659 mm de altura e 1,798 mm de largura a mais nova picape do mercado tem 190 mm menos de entre-eixos e é 228 mm menor em comprimento que a da Fiat.
É fato que no visual dianteiro ambas apresentam semelhanças como a grade hexagonal e as luzes de rodagem diurnas (DRL), embora a GM aponte que alguns de seus modelos no mercado americano tenham sido a inspiração. A Montana também é rival em patamar acima da Strada cabine dupla que, juntamente com a versão de cabine única, focada no uso comercial, foi o veículo mais vendido no Brasil em 2021 e 2022.
A Montana é uma derivação reforçada do SUV compacto Tracker com o mesmo motor de 1,2 L, turbo flex de 133 cv/21,4 kgf.m (E). Oferece duas opções de entrada com câmbio manual (R$ 116.890 e R$ 121.990) e duas versões superiores automáticas (R$ 134.490 e R$ 140.490). Na avaliação inicial, apenas com a versão de topo, em uso urbano e estrada, a sensação é de estar ao volante de um SUV. No banco traseiro espaço para ombros e joelhos supera Oroch e Strada.
Mesmo só com duas pessoas a bordo, o conforto de marcha destaca-se. Para cargas maiores a suspensão traseira por eixo de torção recebeu batente de compressão de rigidez diferenciada. Caçamba de 874 litros (28% maior que a da Oroch; 7% menor que a Toro) e 600 kg de capacidade na versão Premier (50 kg menos que a Oroch) inclui alívio de peso da tampa para manuseio com baixo esforço, além de vedação eficiente contra entrada de água e poeira pela capota marítima manual ou elétrica.
Polo Track tem robustez do Gol, além de maior espaço
A versão de entrada do Polo que a VW trata como produto à parte, mas garante o mesmo preço do Gol equivalente (R$ 79.990, anunciado em novembro passado), oferece um produto melhor em termos de segurança, espaço interno em todas as dimensões e porta-malas (300 litros, ou 14% a mais que o antigo campeão de vendas).
O Track tem outras vantagens sobre o Gol como dirigibilidade bem melhor, suspensão recalibrada com novos amortecedores, direção eletroassistida, luzes de rodagem diurna (DRL), assistente de partida em rampa, monitoramento de pressão dos pneus e bloqueio eletrônico do diferencial. Entretanto, não tem alças no teto como no modelo aposentado.
Sem dúvida o Track posiciona-se bem entre outros hatchbacks de entrada da concorrência (que é acirrada) e ainda representa o segmento de maior volume do mercado brasileiro. Sua distância entre eixos é marginalmente maior que Onix, HB20 e Argo, mas na aceleração de 0 a 100 km/h em 13,5 s perde para Onix (0,2 s melhor) e Argo (0,1 s) e ganha do HB20 (1 s mais lento). Porém, no uso diário essas diferenças são inexpressivas.
Em viagem de avaliação de São Paulo a São Bento do Sapucaí (SP), 400 km ida e volta, o Polo Track enfrentou os buracos em alguns trechos com galhardia. Potência (77 cv) e torque (9,6 kgf.m) com gasolina limita o desempenho nas subidas, contudo alinhado aos principais concorrentes.
Ford F-150: picape grande e superequipada
Picapes grandes estão em um nicho de oferta muito limitada e antes restrita apenas às Ram 1500/2500/3500, a primeira com motor a gasolina e as outras duas a diesel, sendo que estas exigem carteira de motorista (CNH) de caminhão leve (tipo C). A Ford decidiu importar a F-150, líder de vendas nos EUA, porém as entregas estão previstas a partir de maio. São duas versões, Lariat (R$ 470.000) e Platinum (R$ 490.000), ambas com motor V-8 a gasolina de 405 cv e 56,7 kgfm de torque, o mesmo do Mustang.
Uma diferença exclusiva da F-150: caçamba e quase toda a carroceria (montada sobre chassi) é feita em alumínio. Isso economizou 200 kg na massa total, o que traz vantagens em termos de desempenho (0 a 100 km/h, 7,1 s) e consumo de combustível (6,3 km/l, cidade; 8,6 km/l, estrada). A Ram 1500 é uma pouco mais rápida (0 a 100 km/h, 6,4 s), mas perde em consumo. O modelo da Ford permite CNH para automóveis (tipo B).
Entre os equipamentos estão tampa da caçamba de acionamento elétrico, escada de acesso com degrau e barra de apoio escamoteáveis. Dimensões externas são avantajadas: 5.884 mm de comprimento, 2.089 mm de largura, 3.694 mm de entre-eixos e caçamba de 1.370 litros. O tanque de combustível de 136 litros permite alcance de até 1.170 km em estrada.
GWM apresenta SUV Haval H6 GT
O Autódromo de Interlagos, em São Paulo (SP) foi escolhido para as primeiras impressões do Haval H6 GT. O SUV cupê é um híbrido plugável com motor 1,5-L turbo a gasolina e dois motores elétricos (um em cada eixo). Potência e torque combinados chegam 393 cv e 77,7 kgfm. É o mesmo trem motriz do H6 Premium revelado no Rio de Janeiro, em novembro passado.
Desempenho é seu ponto forte, com aceleração de 0 a 100 km/h em 4,8 segundos e respostas ágeis, embora carroceria incline bastante nas curvas comoa maioria dos SUV. A marca chinesa promete média de consumo de até 27 km/l e alcance de 1.052 km, podendo rodar até 170 km no modo elétrico (a corrigir pelo padrão Inmetro).
Bateria de 34 kWh pode ser recarregada de 10 a 80% em meia hora em estação de carregamento rápido.
Desenho é bonito, ainda que com linhas um pouco genéricas. Interior impressiona pelo acabamento de boa qualidade e duas telas de alta resolução. Principais funções do carro são controladas pela central multimídia, incluindo comandos de climatização e assistentes de condução.
Os dois H6 serão os primeiros modelos importados pela fabricante no País, a partir de março próximo. Preços ainda não estão estabelecidos.