Fernando Calmon
Engenheiro e consultor técnico de comunicação e de mercado e jornalista especializado desde 1967. Seus textos são publicados simultaneamente em 35 jornais, revistas e sites no Brasil e no exterior. A coluna - Alta Roda - começou a ser publicada em 1999 e firmou-se como referência no jornalismo especializado pela independência e análises objetivas.
Ver artigos deste autorDe acordo com recente relatório anual do Sindipeças sobre a frota circulante, em 2021 havia 46.581.912 automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus no Brasil. O crescimento sobre 2020 foi de apenas 0,7%, mesmo percentual de variação no período 2019/2020. Dependendo do desempenho de vendas em 2022, a frota pode encarar o primeiro encolhimento em décadas. A idade média de oito anos e cinco meses em 2013 subiu para dez anos e três meses em 2021. É a frota mais antiga dos últimos 25 anos.
Tanto do ponto de vista de segurança quanto ambiental esses dados preocupam. Nos últimos 10 anos as exigências introduzidas por leis de emissões e de segurança ativa e passiva seguiram em constante evolução. A frota de automóveis representa quase 80% do total, mas cresceu apenas 0,2% entre 2021 e 2020. Veículos comerciais leves (picapes e furgões) e caminhões apresentaram desempenho melhor no mesmo período: mais 3,5% e mais 2,9%, respectivamente. Os ônibus em circulação encolheram 0,9%.
O rejuvenescimento da frota circulante só acontecerá quando houver crescimento robusto nas vendas de modelos novos. E isso vai demorar. Países de renda maior do Hemisfério Norte implantaram planos de renovação por meio de estímulos financeiros aos motoristas, mas a situação fiscal brasileira limita bastante ações nesse sentido. O Governo Federal teve uma iniciativa modesta este ano em relação aos caminhões que representam a frota mais envelhecida (11 anos e 11 meses). Pelo menos é um ponto de partida.
Ao incluir as motos (12.870.983) a frota total de veículos atinge 59.425.895 de unidades, segundo o estudo do Sindipeças. A entidade não revela a taxa de sucateamento anual, mas pelos padrões internacionais varia entre 4% e 5%, além de 0,5% em perdas totais em acidentes e 0,5% desmanchados legalmente.
Esse número contrasta fortemente com os 111.446.870 informados em 2021 pela Senatran, que são irreais, apesar de contabilizar cerca de 3 milhões de semirreboques e reboques para caminhões. O problema é a grande dificuldade de dar baixa em veículos registrados em termos burocráticos e financeiros. Carros ao fim de vida são em geral abandonados em desmanches clandestinos e poucos ficam com colecionadores.
Uma resolução do Contran, de 1998, previa a baixa automática de veículos com mais de 25 anos de registro e documentação atrasada há mais de 10 anos. Era uma tentativa de“limpar” o cadastro que só tem certidões de nascimento (Renavam) e muito pouco de “óbitos”. Acabou revogada pela deliberação 225, de 25 de março último.
Mercado e produção reagem em maio
Números divulgados pela Anfavea no balanço do mês de maio foram bastante positivos. Vendas de 187.100 unidades deram um salto de 27% sobre abril; produção de 205.790 unidades teve recuperação de 10,7%. Porém, no acumulado dos cinco primeiros meses deste ano o mercado mostrou números fracos em relação ao mesmo período de 2021. Os 740.000 veículos leves e pesados comercializados em 2022 representaram um recuo forte de 17%.
As vendas em maio atingiram a média de 8.500 unidades/dia, ligeiramente superior à média de 8.400 ao longo de todo o ano de 2021. Márcio Lima, presidente da Anfavea, afirmou que “será feita uma revisão das previsões para 2022 no final de junho, mas acredito que não estará muito distante dos 8,5% de crescimento anual que previmos em dezembro último”.
Entre janeiro e maio deste ano houve perda estimada de produção de cerca de 150.000 veículos em razão da guerra Rússia-Ucrânia e confinamentos na China pela Covid-19. Isso manteve os estoques baixos que recuaram de 21 dias em abril para 20 dias em maio. A indústria trabalha em situações normais com 35 a 40 dias de estoque para não perder clientes.
Há também um movimento na direção a modelos de maior valor agregado em detrimento daqueles de menor valor que sofrem mais com a alta das taxas de juros e diminuição de poder aquisitivo em razão da inflação. A demanda das locadoras e frotistas vai ditar o ritmo da recuperação do mercado este ano. Dependerá do crescimento do PIB em 2022 que pode se aproximar de 2%, segundo previsões revistas para cima por alguns economistas.
Creta N Line aposta na esportividade
Hyundai ampliou as opções de seu SUV compacto, o segundo mais vendido este ano no segmento. A marca sul-coreana criou a grife NLine em 2019. Estreia no Brasil com cuidado especial nos equipamentos e estilo. Grade frontal tem acabamento em tom escuro e luzes de seta triangulares. Rodas de 17 pol. diamantadas são exclusivas. Na traseira, moldura lateral da coluna na cor grafite e ponteira de escapamento dupla funcional. Há sensores de estacionamento traseiros e dianteiros.
No interior, alavanca de câmbio automático e volante são exclusivos. Os pedais têm acabamento em metal e o teto solar panorâmico é de série. Além dos serviços de carro conectado (Bluelink) pelo celular, este pode ser recarregado por indução. Central multimídia de 10,25 pol. Molas, amortecedores e caixa de direção têm respostas mais firmes. Motor 1-litro turbo de 120 cv/17,5 kgf.m não foi alterado. Preço: R$ 159.490, próximo ao do Creta Ultimate 2.0.