Fernando Calmon
Engenheiro e consultor técnico de comunicação e de mercado e jornalista especializado desde 1967. Seus textos são publicados simultaneamente em 35 jornais, revistas e sites no Brasil e no exterior. A coluna - Alta Roda - começou a ser publicada em 1999 e firmou-se como referência no jornalismo especializado pela independência e análises objetivas.
Ver artigos deste autorOs brasileiros dão mais importância a alguns recursos de conectividade do que motoristas de alguns outros países, conforme pesquisa comparativa feita pela operadora Telefônica, na Europa. Um exemplo: 30% dos brasileiros estão interessados em acessar as mídias sociais em automóveis, contra apenas 9% no Reino Unido. No entanto, conectividade está intimamente ligada à segurança e esse dois temas levaram a AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva) a organizar um seminário semana passada em São Paulo (SP).
Quando se trata do conceito mais amplo de Sistemas Avançados de Assistência ao Motorista (ADAS, na sigla em inglês) o viés de segurança se impõe. De acordo com a Bright Consulting, há diferentes taxas de aplicação dos sistemas ADAS. Controle Eletrônico de Estabilidade (ESC, em inglês) e câmera de ré estão em 40% e 35%, respectivamente, dos veículos vendidos no Brasil e em 100% dos comercializados nos EUA.
No máximo 2% dos carros novos emplacados aqui vêm com detector de fadiga, assistente de manutenção de faixa e frenagem autônoma de emergência (AEB, em inglês). Na Europa a taxa de aplicação já supera 50% e os três itens estarão em 100%, obrigatoriamente, em 2021. As regulamentações no Brasil estão avançando e os cronogramas de adoção são mais lentos, basicamente pelo custo elevado das diferentes tecnologias e a necessidades de adaptações às condições de uso bastante severas no Brasil.
Entre os dispositivos citados o AEB reúne maior potencial de aumento da segurança viária por diminuir atropelamentos (ou a sua severidade) e até 40% das colisões em baixa e média velocidades (contra carros estacionados, em movimento ou parados, além de obstáculos fixos). Todos são fruto de distração, imprudência, negligência e algumas vezes de inabilidade ao volante.
Nos debates chamou-se atenção para o desenvolvimento de protocolos que levem em conta como os motoristas interagem com os sistemas de assistência e percebem as limitações. Os níveis de autonomia veicular variam de 1 a 5 em função da interatividade. Carros autônomos continuam a avançar, porém o prazo de sua chegada ao mercado ainda suscita dúvidas. Mesmo o nível 4, que dispensa qualquer atenção ao volante e aos pedais (eliminados no nível 5), ainda será muito caro para automóveis particulares. Esperam-se, primeiramente, aplicações comerciais, em frotas de uso intensivo e roteiros específicos.
A STÄRKX Automotive lembrou um ponto importante que, se esquecido, traz sérios problemas. Todos os sensores ADAS aplicados em espelhos retrovisores, para-brisas, grades, para-choques e outros componentes menos visíveis precisam ser recalibrados após uma colisão, substituição ou simples remoção para manutenção.
Também se deve considerar que carros elétricos estão suscetíveis a problemas de segurança específicos, quando enfrentam alagamentos ou sofrem colisões mais severas. Nesse casos, melhor se afastar imediatamente e procurar socorro especializado. Por esses motivos companhias no exterior estão cobrando muito caro pelo preço do seguro.
ALTA RODA
MINISTRO da Economia, Paulo Guedes, acenou para uma gradual redução das tarifas de importação. Uma curva progressiva: 1 ponto percentual (pp), no primeiro ano; 2 pp, no segundo; 3 pp, no terceiro; 4 pp, no quarto. No caso de automóveis significaria o imposto de importação cair dos atuais 35% para 25% ao longo de quatro anos, pela interpretação da coluna. 25% é tarifa máxima imposta pelos EUA à China, por exemplo. Resta saber se a indústria teria condições para exportar sem os impostos hoje incidentes.
RENAULT Kwid Outsider segue a fórmula aventureira, porém trilha o caminho de chamar atenção sem exageros. Preço de R$ 43.990 dentro do razoável. Há uma mudança mecânica estendida a todos os Kwids: freio dianteiro a disco ventilado, novo servofreio e pistões de pinça maiores. Sensação de toque e progressividade no pedal ficou melhor.
VERSÃO intermediária Comfortline do VW T-Cross – motor turboflex de 1 litro e câmbio automático 6-marchas – tem boa desenvoltura em cidade e nem tanto em estrada. O modelo de entrada, com câmbio manual, surpreende pela agilidade em qualquer situação. Espaço interno, ergonomia e comportamento dinâmico superam a média dos concorrentes.
NISSAN inaugurou na semana passada um Estúdio de Design, em São Paulo (SP), para aproveitar talentos locais no desenvolvimento de séries especiais e colaborar em projetos no exterior que podem chegar ao Brasil e em outros mercados. Líder da equipe é o americano de origem vietnamita John Sahs e conta, inicialmente, com seis especialistas brasileiros.
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