Fernando Calmon
Engenheiro e consultor técnico de comunicação e de mercado e jornalista especializado desde 1967. Seus textos são publicados simultaneamente em 35 jornais, revistas e sites no Brasil e no exterior. A coluna - Alta Roda - começou a ser publicada em 1999 e firmou-se como referência no jornalismo especializado pela independência e análises objetivas.
Ver artigos deste autorCausou impacto no exterior a comunicação, nesta terça-feira, pela Porsche: a próxima geração do Macan, um SUV médio (compacto, no padrão americano), será totalmente elétrica, sem opção por motor a combustão. As primeiras análises indicam decisão de risco, embora a empresa reafirmasse a continuidade de desenvolvimento de soluções híbridas e a gasolina para os demais modelos, pelo menos nos próximos 10 anos. Até 2025, no entanto, a Porsche espera que metade dos seus novos modelos sejam híbridos plugáveis ou elétricos.
Por se tratar do carro de maior comercialização da marca alemã, pode ser escolha estratégica a fim de baixar as emissões diretas de CO2, na média dos seus modelos à venda, e se manter dentro das severíssimas restrições da União Europeia. E, no resto mundo, como fará?
Interessante observar que, duas semanas atrás, houve certa “rebelião” nos posicionamentos de altos executivos da indústria automobilística mundial. Eles se reuniram em Paris para comemorar o centenário da Oica (na sigla original em francês, Organização Internacional dos Fabricantes de Automóveis). À noite de gala compareceu o presidente francês, Emmanuel Macron.
O novo presidente da Oica, Christian Peugeot, foi além de simplesmente afirmar que o automóvel faz parte também da solução para problemas de mobilidade. Pediu a neutralidade dos governos sobre a melhor opção para cumprir metas ambientais.
Pouco antes, Matthias Wissmann, seu antecessor na entidade e ex-ministro de Transportes da Alemanha, defendeu a possibilidade de escolhas, além da tecnologia elétrica. Para ele, combustíveis sintéticos poderiam alcançar os mesmos resultados em motores a combustão interna, sem precisar de investimentos pesados na construção de toda uma nova e caríssima infraestrutura para recarregar baterias.
Macron, no entanto, foi reticente. Como último a discursar, saiu do texto lido para dizer que rotas tecnológicas são traçadas pelo governo. Na realidade estava despreparado para ouvir alternativas, ao defender a instalação de fabricantes de bateria em território francês.
O próprio Peugeot, em entrevista na véspera do evento, disse à coluna que aplicar a mesma solução globalmente pode ser inviável. Citou o Brasil, onde o etanol tem forte papel a cumprir como combustível quase neutro em CO2, no ciclo fechado de produção e uso. Também destacou que governos não têm como bancar subsídios permanentes, nem dispensar altos impostos incidentes sobre combustíveis atuais.
Em seminário organizado, no dia seguinte ao evento, houve outras colocações de alguns representantes de 39 entidades nacionais filiadas à Oica. Na Índia, por exemplo, poeira em suspensão no ar é um grave problema e até modelos autônomos sofrerão resistência em razão de boa parcela da população sobreviver como motorista ou motociclista. Biometano foi citado como capaz de zerar emissões locais e até diminuir CO2 acumulado na atmosfera.
Definitivamente, há diversidade para mover o carro do futuro. A opção da Porsche talvez funcione, no caso específico. Para fabricantes generalistas os riscos continuam, inclusive sobre o papel dos governos e direcionamentos por simples voluntarismo.
ALTA RODA
PEUGEOT pode começar em breve as vendas dos SUVs importados 3008 e 5008 também em versões mais simples, provavelmente chamada Allure, na faixa de R$ 120.000,00 para o 3008, segundo fonte ligada às concessionárias. Consultada, a marca respondeu: “Sempre estudamos possibilidades para animar nossa gama, mas no momento não há confirmação.”
SAIU a lista dos dez modelos mais vendidos na Europa, em 2018. Na ordem decrescente: VW Golf, Renault Clio, VW Polo, Ford Fiesta, VW Tiguan, Nissan Qshqai, Peugeot 208, Toyota Yaris, Opel/Vauxhall Corsa e Renault Sandero. Apesar dos avanços, só 2 SUVs, na 5ª e 6ª posições. À exceção do Nissan, todos eles são ou já foram comercializados também no Brasil.
TOYOTA YARIS hatch, na versão XL com motor de 1,3 L (101 cv/etanol) e câmbio automático CVT, destaca-se pelo estilo atual e evolução nos materiais de acabamento. Vem bem equipado, inclusive chave presencial, partida por botão e central multimídia, mas sem parear com Android Auto. Desempenho apenas regular. Suspensão apresenta ótimo equilíbrio conforto-estabilidade.
ÍNDICE de inadimplência nos financiamentos de veículos para pessoas físicas caiu quase 70% desde o pico ruim de 2013, informa o Itaú. No ano passado, a concessão de crédito do banco alcançou expressivos R$ 15 bilhões ou 42% a mais que em 2017. No último trimestre de 2018, tíquete médio de R$ 33,5 mil, prazo de 42 meses e entrada correspondente a 38% do valor do veículo.
RESSALVAS: preços do VW T-Cross variam de R$ 84.990 (câmbio manual, versão de entrada) a R$ R$ 99.990 com câmbio automático e sempre com motor 1-litro turbo. Versão de topo, 1,4-litro turbo, parte de R$ 109.990. Quanto ao CAOA Chery Tiggo 7, apenas este tem câmbio automatizado de duas embreagens; sedã Arrizo 5 usa o mesmo motor, mas câmbio é CVT.