Fernando Calmon
Engenheiro e consultor técnico de comunicação e de mercado e jornalista especializado desde 1967. Seus textos são publicados simultaneamente em 35 jornais, revistas e sites no Brasil e no exterior. A coluna - Alta Roda - começou a ser publicada em 1999 e firmou-se como referência no jornalismo especializado pela independência e análises objetivas.
Ver artigos deste autorEm 2017 o mercado brasileiro finalmente parou de cair e iniciou uma trajetória de recuperação. Em dezembro de 2016 já se esperava um ano melhor mesmo porque se completou um quadriênio de baixas consecutivas: um tombo de quase 50% sobre o ano recorde de 2012 com 3,8 milhões de automóveis e veículos comerciais (leves e pesados). O Brasil chegou a ser o quarto maior mercado do mundo e caiu para oitavo.
O ano passado foi em particular importante porque a produção se recuperou de forma mais rápida graças às exportações, com reflexo positivo no nível de emprego da indústria. Os 762.000 veículos enviados ao exterior marcaram um recorde histórico (mais 46,5% sobre o ano anterior). Esse volume representou 28% da produção total de 2,7 milhões de veículos. Um percentual saudável seria exportar 30% da produção, desde que o mercado interno ajudasse com números mais robustos.
Em 2017 venderam-se 2,240 milhões de veículos que significaram recuperação de 9,2% (a coluna tinha previsto 9% há pouco mais de um ano). Em dezembro último a média diária de comercialização foi de 10.633 unidades com apenas 31 dias de estoques totais, indicando bons ventos à frente. Em 2018, apesar de incertezas políticas e econômicas, a reação positiva continuará. Existe até uma rara coincidência sobre as previsões para este ano. Fenabrave (concessionárias) e Anfavea (indústria) estimam crescimento de 11,8% e 11,7%, respectivamente, do mercado interno de autos e comerciais. A Coluna aposta em percentual um pouco maior, 14,1%.
Este ano a Anfavea prevê produção de 3,055 milhões de unidades (mais 13,2%), das quais de 800.000 exportadas (mais 5%) e mercado interno de 2,502 milhões de veículos. Percentualmente a maior recuperação (em torno de 35%) ocorrerá no mercado de importados com o final do programa Inovar-Auto, em 31 de dezembro passado. Este impunha um acréscimo de 30 pontos percentuais do IPI para um volume acima de 4.000 unidade/ano para modelos que não fossem argentinos ou mexicanos.
O novo programa de diretrizes para a indústria, batizado de Rota 2030 e importante por ser mais longo, incentivar pesquisa e desenvolvimento locais, além de projetar novas metas de eficiência energética para modelos nacionais e importados, teve seu anúncio postergado para fevereiro próximo. Esse conjunto de medidas será fundamental para um crescimento sustentável e, acima de tudo, previsível sem surpresas ou trancos. Se aprovado sob os termos longamente discutidos, é perfeitamente possível que em 2022 o Brasil retorne aos níveis de mercado de 2012 completando o ciclo de 10 anos perdidos. A indústria automobilística enfrentou quatro crises graves de mercado (incluindo esta) desde seu primórdio, em 1956.
O que se pode esperar em 2018 é um ano com muitos lançamentos, tanto de produtos locais e regionais (Argentina e México), como de outras origens. Serão mais de trinta entre inéditos ou de nova geração. Destaques para os nacionais VW Virtus, Fiat Cronos, Toyota Yaris, Citroën Cactus; os importados Ford Mustang, Audi A8, BMW X3, VW Tiguan, Kia Stonic, Volvo XC 40, Jaguar E-Pace, Honda CR-V, Jeep Wrangler e Renault Alaskan. As repaginações, também numerosas: VW Golf, Ford Ka e Honda City são apenas algumas.
RODA VIVA
PRIMEIRO SUV compacto da VW estreia no Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro próximo, mas estará um mês antes no Salão de Paris. T-Cross terá produção simultânea no Brasil, em São José dos Pinhais (PR), e na Espanha. Mas o início de fabricação, segundo fonte da Coluna, é 1º de janeiro de 2019 com início efetivo das entregas, em março.
APÓS o fim do IPI adicional sobre carros importados, a Renault ainda estuda a viabilidade comercial de importar a segunda geração do seu SUV grande Koleos fabricado na Coreia do Sul. Está próximo de ser lançado na Argentina, onde a primeira geração foi importada e depois descontinuada em razão dos impostos e cotação cambial. As mesmas razões daqui.
COMPARTILHAMENTO de veículos, na modalidade aluguel temporário, ainda avança de forma moderada no Brasil. No entanto, a Moobie, que começou em 2015, conseguiu reunir uma comunidade de 30.000 participantes e 2.000 veículos cadastrados. Ideia, no caso, é ceder o carro por prazo determinado (em média R$ 70,00/dia) e assim ajudar despesas principalmente no começo do ano.
OUTRO aplicativo de compartilhamento de transporte, Zumpy, é bem avaliado em Belo Horizonte (MG) e agora lançado nacionalmente. Sua atividade se concentra em dar caronas pagas em meio urbano. Os passageiros pagam valores de R$ 4 por trajetos de até seis quilômetros, R$ 5 para viagens de seis a oito quilômetros, R$ 6 por viagens de oito a 10 quilômetros e assim sucessivamente.
RESSALVA: no Honda Fit 2018, avaliado pela coluna no dia a dia, falta regulagem de altura do banco do passageiro, não do motorista. Interessante seria acrescentar uma saída auxiliar para o sistema multimídia.