Fernando Calmon
Engenheiro e consultor técnico de comunicação e de mercado e jornalista especializado desde 1967. Seus textos são publicados simultaneamente em 35 jornais, revistas e sites no Brasil e no exterior. A coluna - Alta Roda - começou a ser publicada em 1999 e firmou-se como referência no jornalismo especializado pela independência e análises objetivas.
Ver artigos deste autorFabricantes até tentam evitar lançamentos muito próximos aos dos concorrentes para não dividir a atenção dos consumidores e da mídia, mas com tantas novidades, nem sempre é possível. Às vezes a coincidência é proposital para embaçar a superexposição de um modelo muito aguardado. No entanto, sem combinação, surgiu a “Semana Japonesa no Brasil”: de segunda a sexta-feira passadas estrearam Honda WR-V, Toyota Corolla 2018 e Nissan Frontier.
Embora um observador mais atento encontre muito pontos em comum com o Fit, objetivo do projeto do WR-V foi pegar uma base bem conhecida e transformá-la em um crossover-SUV urbano, desejado segundo pesquisas. A faixa de preços apertada entre o Fit EXL e o HR-V LX pode levar a alguma canibalização. O novo produto – de R$ 79.400 a 83.400 – custa em média cerca de 8% abaixo do HR-V. Este é 29 cm mais longo e tem porta-malas maior (437 x 363 litros).
A frente do WR-V ficou bem resolvida. Já as lanternas traseiras parecem de certa forma exageradas. Com 20,7 cm de altura livre do solo, o fabricante foi competente na reformulação da suspensão. O carro apresenta boa relação conforto-dirigibilidade. Seu diâmetro de giro de 10,6 m facilita as manobras. De série há bolsas de ar frontais e laterais (mais duas do tipo cortina na versão de topo), além de luzes diurnas em LED. O interior é praticamente igual ao do Fit com 2,5 cm extras de entre-eixos, mudando apenas forração dos bancos e apliques no painel frontal. Motor e câmbio CVT são os mesmos, lidando bem com um aumento de massa marginal (mais 22 kg).
O Corolla atual completou três anos e apesar de liderança folgada entre os sedãs médios-compactos chegou a hora de fazer os retoques de praxe, principalmente na parte frontal que ficou, de fato, melhor. Linha de cintura está levemente mais alta. O carro ganhou itens de segurança de série antes inexistentes como sistema de controles de trajetória, tração e subida de rampa, além de sete bolsas de ar (uma para joelho do motorista). Manteve motor de 2 litros, 154 cv, 20,5 kgfm e câmbio CVT de sete “marchas” (virtuais). Única mudança mecânica está nas suspensões em razão de rodas altas (17 pol), pneus de perfil baixo (215/50) e 0,5 cm de elevação na altura de rodagem. Esta ficou ligeiramente mais áspera em pisos irregulares, sem chegar a incomodar.
Por dentro não houve grandes modificações, mas a versão de topo Altis finalmente ganhou controle bizona do ar-condicionado. Foi acrescentada a versão esportivada XRS, sem nenhuma alteração do trem de força (nem opção de câmbio manual, como no Civic Sport), porém o pacote visual ficou agradável. Os preços vão de R$ 90.990 a 114.990. A Toyota absorveu os custos de alguns dos equipamentos extras na linha 2018. A nova geração do modelo só chega em 2019.
A Nissan não quis perder tempo e começou a importar a nova Frontier do México, em versão única e completa ao preço de R$ 166.700. No próximo ano essa picape média de cabine dupla e quatro portas virá da Argentina. Carroceria, chassi, motor (2,3 litros biturbo; 190 cv; 45,9 kgfm) e câmbio automático (sete marchas, antes apenas cinco) são todos novos. Além de uma curva de torque favorável, o desempenho melhorou porque o peso em ordem de marcha diminuiu de 2.066 kg para 1.985 kg.
Em estradas de terra o conforto de marcha evoluiu bastante em razão da substituição das tradicionais molas semielípticas traseiras por helicoidais, mantendo o eixo rígido. No asfalto, fazem falta rodas de 17 pol. de diâmetro (são de 16 pol.) para melhorar a estabilidade direcional. O motorista ganhou posição de dirigir melhor graças às novas regulagens elétricas do banco. Ar-condicionado tem duas zonas de atuação, muito útil em um veículo com interior deste porte. Atrás há bastante espaço, mas o assoalho em posição alta prejudica o conforto, como em todas as picapes que utilizam chassi tipo escada ao qual a cabine é aparafusada.
RODA VIVA
AGORA que a GM iniciou, em São Caetano do Sul, o processo de modernização total de sua primeira fábrica inaugurada em 1930, abre-se a possibilidade de produção de um SUV (novo Tracker) e uma picape compacta de nova geração (Montana). Projetos não serão mais executados aqui, mas nos EUA e China. Brasil perdeu seu centro de desenvolvimento.
TOYOTA decidiu lançar na Argentina o Innova, monovolume médio-grande importado da Indonésia. Utiliza a mesma base mecânica da Hilux e do SW4 fabricados no país vizinho. Se tiver boa aceitação lá e pesquisas indicarem algum interesse do mercado brasileiro e sul-americano, é possível a marca japonesa decidir produzi-lo em Zarate, a 90 km de Buenos Aires.
LAND ROVER começa a entregar novo Discovery (5ª geração) no final de junho, apenas três meses depois da Europa. SUV de grande porte – sete passageiros – perdeu 480 kg ao ampliar estrutura de alumínio. Melhorou também em aerodinâmica (Cx 0,33, antes 0,40). Interior inclui rebatimento elétrico de cinco bancos. Rodas até 22 pol. Preços: R$ 363.000 a 429.000.