Fernando Calmon
Engenheiro e consultor técnico de comunicação e de mercado e jornalista especializado desde 1967. Seus textos são publicados simultaneamente em 35 jornais, revistas e sites no Brasil e no exterior. A coluna - Alta Roda - começou a ser publicada em 1999 e firmou-se como referência no jornalismo especializado pela independência e análises objetivas.
Ver artigos deste autorA eficiência energética é tema importante e que veio para ficar. Pode-se considerar até uma conquista e o único aspecto merecedor de apoio incondicional do controvertido programa Inovar-Auto implantado no quinquênio 2013-2017. Sua principal consequência está sendo a modernização e o lançamento de motores novos por quase todos os fabricantes de veículos leves no Brasil.
Ainda causa suspense saber quem vai optar pelo bônus para superar a meta obrigatória na média de todos os veículos produzidos por cada fabricante. A exigência é redução mínima de 12,1% no consumo de combustível em km/l (na realidade, autonomia) ou megajoule/km, unidade que expressa de forma correta as diferenças de poder calorífico entre etanol e gasolina.
Entretanto, há um prêmio de 1% no IPI para os que atingirem 15,5% de incremento na eficiência energética e mais 1% para alcançar 19%, ou seja, a meta-alvo. Em 1º de outubro próximo se conhecerão as marcas habilitadas para tal e esse se trata de segredo estratégico.
Recentemente, em São Paulo, a Associação Brasileira de Engenharia (AEA) organizou o II Simpósio de Eficiência, Emissões e Combustíveis. Ficou ressaltado o sucesso de 30 anos do Proconve (Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores) e a junção bem-sucedida com as metas do programa de eficiência energética, a única parte do Inovar-Auto que merece e deve ter continuidade depois de 2017.
Também recebeu total reconhecimento o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), conduzido com alta competência pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), e a consolidação confiável dos valores de consumo de combustível, emissões de poluentes e de gás carbônico (CO2) numa única tabela. Daí se chegou à nota triplo A no País para automóveis e comerciais leves fabricados aqui ou importados.
Vários outros pontos foram debatidos entre eles as futuras normas de emissões PL7. Está difícil de chegar a um consenso. A Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do governo paulista) chamou atenção sobre a necessidade de apertar o controle de emissão de vapor de combustível durante o abastecimento nos postos e a utilização de parâmetros nacionais. Esses gases são precursores de ozônio ao nível do solo, um problema nas grandes cidades agravado no inverno.
Aditivos para gasolina foi assunto considerado importante quando se analisa em conjunto meio ambiente e eficiência energética. Infelizmente a aditivação básica obrigatória está atrasada por discordâncias entre a Petrobrás e o órgão regulador ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Deve-se ressaltar que cada distribuidora, se assim optar, continuará a desenvolver e comercializar seu próprio pacote de aditivos, o que significa combustível ainda melhor.
A consultoria AVL destacou a eletrificação de sistemas e tecnologias híbridas. A combinação entre motores a combustão interna e elétrico, que na Europa ganhou muita força depois do atual imbróglio do diesel em automóveis, significará um grande salto em eficiência energética. O Brasil ainda não acordou para essa realidade.
RODA VIVA
NOVELA de livre comércio de veículos entre Brasil e Argentina concluiu mais um capítulo. Agora o acordo se estenderá até 2020 e continua o estranho regime: a cada US$ 1,5 exportado, o Brasil pode importar US$ 1, sem taxas. Pelo tratado do Mercosul, desde o ano 2000 deveria haver livre circulação de produtos. Este é o sexto adiamento e, se espera, o último.
QUARTA geração do Kia Sportage chegou ao mercado com mais espaço interno, estilo bastante atual e até com melhora aerodinâmica (Cx 0,33). Motor continua o 2-L/167 cv (etanol). Oferta será limitada pelas cotas de importação, porém a preço competitivo: R$ 109.990 a 134.990. Há dois bancos elétricos na frente; falta indicador de consumo no computador de bordo.
AUDI A4 teve mudanças estilísticas discretas, mas ao rodar em cidade e estrada é fácil de notar as diferenças. Motor turbo 2-L/190 cv impressiona também pelos 32,6 kgfm de torque e economia de combustível. Interior está mais moderno e comportamento em curvas, exemplar. Avanços em direção semiautônoma ainda dependem de homologação no Brasil.
POUCO mais de três anos atrás, desavisados atribuíam automóveis caros ao “lucro Brasil”, embora os preços tenham caído em termais reais por quase uma década. Hoje o cenário é oposto, segundo dados do Banco Central. As matrizes enviaram, de janeiro a maio deste ano, quase US$ 2 bilhões para cobrir o “prejuízo Brasil”. Há marcas perdendo US$ 1 milhão por dia...
LEITOR Everton Lima, de São Paulo, chama atenção para as seguidas negativas que vem enfrentando para obter carteira de habilitação por ter baixa acuidade visual. Nos EUA as leis de trânsito permitem o uso de lentes de correção acopladas aos óculos, chamadas de telelupa kepler, de acordo com regulamentação específica. Pena o Brasil não aceitar essa possibilidade.