Fernando Calmon
Engenheiro e consultor técnico de comunicação e de mercado e jornalista especializado desde 1967. Seus textos são publicados simultaneamente em 35 jornais, revistas e sites no Brasil e no exterior. A coluna - Alta Roda - começou a ser publicada em 1999 e firmou-se como referência no jornalismo especializado pela independência e análises objetivas.
Ver artigos deste autorNo primeiro mês de 2016 as notícias sobre o mercado são piores do que se esperava. A queda de quase 40% sobre janeiro de 2015 fez recuar as 153.000 unidades vendidas a números de nove anos trás. Explicações são várias: antecipação de compras para aproveitar oportunidades, utilização do 13º salário aumentou o valor da entrada e assim para pagar menos juros, além de disputa entre os fabricantes no fechamento do exercício anual com novos bônus e descontos extras.
Fenabrave, associação nacional das concessionárias, lembrou que em janeiro de 2015 ainda havia automóveis faturados com IPI reduzido. “Os resultados de janeiro não devem ser balizadores para as projeções de 2016. Mês é atípico historicamente e carrega aspectos negativos que não se repetem ao longo do ano.”
Bem, esses são argumentos tangíveis, juntamente com a falta de confiança dos compradores e as crises política e econômica. Mas o que preocupa de verdade são fatores intangíveis. A região da grande São Paulo responde por cerca de 22% das vendas de todo o País. Proprietários de carros estão apavorados em guiar na maior cidade do Brasil. Existe um cerco e uma atribuição de culpa do automóvel completamente irracional e estressante que vão desde criação de faixas de ônibus à direita sem critérios (diferente dos poucos e racionais corredores à esquerda) ou ciclovias que levam do nada a lugar nenhum sempre em detrimentos de faixas de circulação de veículos ou de estacionamento. Há outros:
- Companhia de Engenharia de Tráfego antecipou para outubro de 2015, com óbvio viés político, a estatística apontando a velocidade média menor na cidade ter diminuído as mortes nos trânsito em 30,7%. Só que o consumo de combustível caiu em 15% e, portanto, retirou carros das ruas.
- São Paulo não é Manhattan, em Nova York, onde as pessoas fervilham em torno dos carros e a velocidade foi reduzida para 40 km/h em parte da cidade. Ciclovias lá são pouco usadas.
- Prefeitura instalou contadores de bicicleta na mais segura e racional ciclovia da cidade. Nas inúteis, nem pensar.
- Faixas de ônibus à direita em São Paulo têm sinalização do solo entrecortada por onde carros podem sair à direita ou acessar essas as vias em grande parte improvisadas ou inúteis em custo-benefício na fluidez geral do trânsito. E há inúmeras saídas de garagens, estacionamentos e comércios no meio da quadra que sujeitam o motorista a multa máxima de sete pontos (antes de cinco pontos). Essas faixas de ônibus entrecortadas estão se apagando e não são repintadas, além de haver em muitas delas horários em que os carros podem circular, mais para confundir do que ajudar.
- Vias de 50 km/h são de repente diminuídas para 40 km com apenas uma placa e um radar 20 metros depois.Em São Paulo há algumas frases educativas em uns poucos painéis de avisos de trânsito. Uma delas muda o conhecido dito popular “pressa é inimiga da perfeição” por “pressa é inimiga da direção”. Se for só frase de efeito, melhor “pressa é inimiga da inteligente ação”.
Se possuir carro quase se tornou crime na maior cidade do País por que o motorista vai trocar por um modelo novo ou pouco usado, mais seguro e menos poluidor?
RODA VIVA
FONTES desta coluna indicaram atraso do terceiro produto da fábrica FCA, em Goiana (PE). O projeto Jeep 551 será um SUV com base na picape Fiat Toro. Produção pode começar só em 2017, de acordo com recente declaração de Sergio Marchionne, presidente mundial da FCA, sem citar diretamente o adiamento ao falar sobre planos no Brasil.
JETTA é primeiro carro não premium parcialmente montado no Brasil (versão intermediária, 60% das vendas, sai de São Bernardo do Campo) em que todos têm motor turbo de 1,4 L ou 2 litros. Pelo elevado torque de 25,5 kgfm a partir de apenas 1.500 rpm, o motor menor anda mais e bebe menos que o 2-litros aspirado anterior. Ainda não é flex pela arquitetura diferente da do Golf.
SEGUNDA geração do Audi Q7, além de mais sofisticada e 325 kg a menos de massa, lança novos recursos de segurança e conforto. Acionamento da terceira fileira de banco para dois passageiros (opcional) é elétrico. Parte de R$ 399.990 e chega a R$ 489.490. Esterçamento das rodas traseiras ajuda em baixa velocidade, nas mudanças de direção e em curvas ao se andar mais rápido.
BOM SINAL: Cesvi indica crescimento de 22,3%, em 2015 sobre 2014, do sistema de controle de estabilidade (ESC, em inglês), de série, em modelos de veículos leves no Brasil, nacionais e importados (no caso estes são maioria). Análise é qualitativa não quantitativa: carros mais baratos, aplicação bem menor.
ENTRE os cuidados na compra de carros usados está o histórico legal sobre adulterações de chassi, alertas de roubo, alienações, multas e débitos, participações do veículo em leilões e também no caso de sinistros com perda total (no jargão, PT). No site www.boavistaservicos.com.br/servicos/certocar informações podem ser obtidas por R$ 19,00. Há versão mobile também.