Fernando Calmon
Engenheiro e consultor técnico de comunicação e de mercado e jornalista especializado desde 1967. Seus textos são publicados simultaneamente em 35 jornais, revistas e sites no Brasil e no exterior. A coluna - Alta Roda - começou a ser publicada em 1999 e firmou-se como referência no jornalismo especializado pela independência e análises objetivas.
Ver artigos deste autorSem dúvida, a semana que passou foi a mais agitada do ano, com dois lançamentos no exterior (Chevrolet Cruze, em Detroit e Alfa Romeo Giulia, em Milão) e um no Brasil (Ford Focus atualizado, em Fortaleza). Cada um tem sua importância relativa: Cruze, inteiramente novo, é o mesmo que a Argentina produzirá a partir do final de 2016; Giulia marca o renascimento da outrora invejável marca italiana no dia em que completou 105 anos; o também argentino Focus hatch agora fica igual ao produzido em outros continentes, o que deixa a Ford com todos os seus automóveis alinhados aos do exterior.
O médio-compacto da Chevrolet (a ser feito no México) chega ao mercado americano em março próximo e no Brasil no final de 2016. O carro cresceu – 2,7 metros de distância entre-eixos garantem ótimo espaço interno –, porém ficou 150 kg mais leve. Apresentação do modelo mais vendido da marca foi estática e só da versão de topo, como é usual, embora a empresa tenha confirmado que o motor será um turbo de 1,4 litro/154 cv até 10% mais econômico que o atual aspirado de 1,8 L. Há vários dispositivos eletrônicos de segurança oferecidos de série a fim de elevar o nível de concorrência até com marcas premium.
Giulia escolhido para apresentação no palco, sem acesso ao seu interior, foi a versão de alto desempenho Quadrifoglio, seu símbolo nas corridas. Visto de perfil lembra o BMW Série 3, mas de frente traz a tradicional grade triangular (“cuore” da marca) e traseira também ousada com quatro saídas de escapamento em arranjo inusitado. Alfa Romeo não deu pormenores técnicos, mas a potência de 510 cv de seu V-6 turbo é a mesma do Mercedes-Benz C-63 S AMG e distribuição de peso de 50% em cada eixo (tração traseira) segue o mesmo “ponto de honra” da BMW. Mais importante: entra no clube super-restrito dos sedãs capazes de acelerar de 0 a 100 km/h em menos de 4 s (exatos 3,9 s).
A Ford, além das mudanças visuais na parte frontal do Focus hatch 2016, aumentou o conteúdo sem elevar o preço (corresponde a queda real), fez ajustes na suspensão traseira, na direção eletroassistida, retocou o interior e adotou novo volante com borboletas para troca de marchas no câmbio automatizado de duas embreagens, da versão de topo Titanium. Preços começam em R$ 69.900 e vão a 95.900. Entre as novidades, sistema anticolisão até 20 km/h e de assistência ao estacionar em vagas longitudinais e transversais.
A empresa decidiu ofertar condições de trocas especiais para quem comprou a geração anterior, que mudou há menos de dois anos, fora dos padrões do mercado brasileiro bastante sensível a novidades. A versão sedã, no fim de julho, terá o nome adicional Fastback para tentar um equilíbrio com o hatch, que representa cerca de 90% das vendas totais do Focus.
A GM também anunciou a expansão internacional de seu serviço OnStar de assistência remota, lançado há 19 anos nos EUA. Aqui estreará no Cruze 2016 (geração anterior à nova mostrada em Detroit) em setembro próximo. O sistema inclui chip telefônico próprio para facilitar comunicação com a central administrativa e oferecer desde mapas eletrônicos personalizados e destravamento remoto das portas, a serviços de reservas, de apoio e emergenciais.
RODA VIVA
DEPOIS da picape de quatro portas compacta Oroch, que chega em dois meses, a Renault partirá para o crossover Captur. Na realidade o nome será o mesmo do francês e suas linhas terão semelhança, mas a arquitetura nada terá a ver com o Clio produzido na Europa, duas gerações à frente do que vem da Argentina.
CITROËN começa em setembro a produzir (início de vendas até um mês depois) o modelo 2016 do C3 Aircross, que receberá reestilização discreta de meia geração. Esta é a versão de suspensão elevada e estepe externo do monovolume C3 Picasso, justamente a que mais vende. Tanto que a fábrica já decidiu (embora não confirme agora) deixar apenas o Aircross em produção.
HONDA HR-V é dos raros modelos que superou expectativas. Crossover tem visibilidade e dirigibilidade entre seus destaques, porta-malas generoso e bom espaço no banco traseiro (assoalho plano e assentos erguíveis). Câmbio CVT não agrada, se muito exigido. Exclusivo (na faixa de preço) freio de estacionamento elétrico automático permite função elegível de arrasto em marcha lenta (creeping), que deveria ser padrão em carros automáticos.
DECORAÇÃO discreta é ponto positivo da perua VW Space Cross, além de direção precisa, suspensão firme e motor muito silencioso e elástico. Câmbio automatizado I-Motion está mais suave nas trocas de marchas, mas função creeping suprimida de forma permanente dificulta manobras em baixa velocidade.
POUCOS respeitam a placa “Pare” em cruzamentos. Em parte por ignorância: parar é parar mesmo, não apenas diminuir a velocidade, olhar e continuar. Outros a consideram perda de tempo e desnecessária, quando na realidade quem decide é quem colocou a placa. Mau hábito está arraigado e só multa (a mesma de avançar sinal) resolve.