Fernando Calmon
Engenheiro e consultor técnico de comunicação e de mercado e jornalista especializado desde 1967. Seus textos são publicados simultaneamente em 35 jornais, revistas e sites no Brasil e no exterior. A coluna - Alta Roda - começou a ser publicada em 1999 e firmou-se como referência no jornalismo especializado pela independência e análises objetivas.
Ver artigos deste autorImprovisação, em assuntos que merecem atenção do poder público, infelizmente continua como regra. Demonstração desse descaso aconteceu com a inspeção técnica ambiental (ITA) na cidade de São Paulo. Em nível nacional existe um Plano de Controle de Poluição Veicular (PCPV) que obriga governos estaduais a levantar um inventário de emissões e controlar via inspeção de veículos o nível de poluentes.
Liminar concedida há três meses ao Ministério Público paulista, pela 14ª Vara da Fazenda Pública, determinou a ITA em 128 municípios e em toda a frota movida a diesel no Estado. Nada aconteceu até agora. Em teoria outros Estados poderiam ser acionados, pois o PCPV existe desde 1994. Na capital paulista, a inspeção começou de forma totalmente deturpada há quatro anos.
Esta coluna sempre defendeu a fiscalização de segurança e ambiental integradas. Mas o pior dos mundos aconteceu na maior cidade do país. Além da inspeção não incluir itens de segurança, começou justamente pelos veículos novos, subvertendo a mais comezinha das lógicas. Apenas depois de todo o desperdício de tempo e dinheiro é que a nova administração da Prefeitura decidiu implantar o mesmo cronograma adotado em outros países e defendido nesse espaço por várias vezes.
Já em 2014, a ITA atingirá apenas veículos a partir do quarto licenciamento (mais de três anos de uso), a cada dois anos, até o décimo, quando passa a ser anual. Movidos a diesel continuam com a regra antiga Só pagará a taxa de serviço quem for reprovado. Aqueles licenciados em outros municípios, que circulem por mais de 120 dias na capital, serão obrigados a fazer inspeção (antes dispensados), mas deverão pagar a taxa. Esta exigência pretende trazer de volta parcela da frota da capital licenciada em municípios vizinhos para escapar da inspeção. Isso trazia prejuízo a São Paulo, que perdeu sua parte na divisão do IPVA estadual.
Improvisação, no entanto, continua. A Prefeitura vai abolir a ITA centralizada pela empresa Controlar, que instalou 16 centros, 200 linhas de inspeção e, à exceção de sua avidez por faturar, faz um bom trabalho. Experiências de pulverizar o programa tentadas em outros países não deram certo pela dificuldade de fiscalização. Também se questiona a gratuidade do serviço. Afinal, quem não possui carro acabará por também pagar a conta.
Outro ponto importante, particularmente em uma cidade de elevado poder aquisitivo, é o estímulo para a troca do veículo após três anos de uso, período de dispensa da obrigação. Resultado aparecerá na forma de renovação mais acelerada da frota, algo altamente benéfico para a qualidade do ar.
Vergonhosa mesmo foi a atitude de sindicatos de comerciantes de autopeças (Sincopeças) e de donos de oficinas (Sindirepa). Podiam ao menos ficar neutros, porém, ao contrário, divulgaram protestos com argumento absurdo em favor de seus próprios negócios. Para eles, a inspeção deveria continuar anual, para todos os veículos, a fim de “conscientizar” os motoristas sobre a importância da manutenção. Ora, isso permanece em pauta: frota-alvo a fiscalizar passará por vistoria. E, afinal, carros novos têm sistemas antipoluição garantidos por cinco anos ou 80.000 km. Chega de esperteza.
RODA VIVA
NOVO atraso no início da produção do SUV médio-compacto ix35 na fábrica Hyundai-CAOA, de Anápolis, GO. Plano inicial era começar a montagem no final de 2012. Além de atrasos previsíveis, cronograma pode ter sido prejudicado pela falência do banco BVA, em que o Grupo
CAOA tinha aplicações de R$ 600 milhões. Segundo a empresa, Tucson continuará em linha.
AUDI A3 Sportback impressiona por suas maiores dimensões (quase 6 cm a mais de entre-eixos) e ainda ter perdido cerca de 90 kg de massa total por uso extensivo de alumínio e aços leves. Destaque ao interior com ótimo acabamento, tela multimídia de 7 pol e freio de estacionamento eletromecânico. Motor 1,8 l/180 cv turbo utiliza inédita injeção direta e indireta. Preço: R$ 124.300.
SEM nada lembrar a geração anterior, novo Toyota RAV4 exibe estilo mais jovem e dispensou estepe externo. Roda sobressalente fica sob o assoalho do porta-malas, cuja tampa é ruidosa em piso irregular. Mas, suspensões são ótimas em qualquer situação. Materiais internos equilibram partes rígidas e de toque suave. Ótimo conjunto motor e câmbio CVT (7 marchas virtuais).
FOCADA no mercado brasileiro, Fiat não economizou ao decidir desenvolver versão flexível para o motor MultiAir do subcompacto descolado 500. Mesmo ao representar só 15% das vendas, motor 1,4/16 v, de ação eletro-hidráulica das válvulas de admissão, cobre essa lacuna e oferece dois cv extras de potência (107 cv) com etanol. Diferença é pouco perceptível.
CORREÇÃO: potência do inédito motor V-6 a gasolina do novo Ranger Rover Sport é de 340 cv (diesel 292 cv). No início do próximo ano, a marca inglesa lançará versão diesel híbrida na Europa. Não há, porém, previsão desta opção ser exportada para o Brasil em razão do preço elevado.