Fernando Calmon

Engenheiro e consultor técnico de comunicação e de mercado e jornalista especializado desde 1967. Seus textos são publicados simultaneamente em 35 jornais, revistas e sites no Brasil e no exterior. A coluna - Alta Roda - começou a ser publicada em 1999 e firmou-se como referência no jornalismo especializado pela independência e análises objetivas.

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ALTA RODA - CORRIDA TECNOLÓGICA

Postado em 02/05/2013 - 16:44

Agora sob perspectiva de atingir metas mandatórias em cinco anos – aumento de índice de localização, aperfeiçoamento de processos industriais e diminuição de consumo de combustível – a indústria automobilística deve se voltar a fornecedores de componentes e serviços. Nem com todas as regulamentações ainda de todo conhecidas do programa Inovar-Auto, já se fala em Inovar-Peças, ideia que surgiu sem formatação definida. Reflete conceitos genéricos e, outra vez, cria certa dependência de iniciativas governamentais tendentes a criar artificialismos.

 

Foi esse clima que marcou a recente Automec – Feira Internacional de Autopeças, Equipamentos e Serviços – cuja 11ª edição, realizada em São Paulo, lotou os 78.000 m² do Anhembi. Trata-se de exposição para profissionais do ramo e atraiu 1.200 empresas, de 31 países, inclusive os cada vez mais presentes chineses, tanto do continente como da ilha de Taiwan. Em edições passadas, eles ficaram um tanto confinados, porém não dá para resistir às suas ofertas de baixo preço, embora com qualidade, em geral, ainda a se confirmar.

 

Entre os expositores felizes, sem dúvida, dois grandes fornecedores, BorgWarner e Honeywell/Garrett. Estão confiantes de que a tecnologia downsizing, de redução de cilindrada e uso de turbocompressores, é a tendência irreversível, reflexo do que ocorre no exterior. Se até 2017 o mercado interno atingir cinco milhões de unidades por ano, parecem factíveis 20% (um milhão de motores) receberem tais componentes. Injeção direta de combustível, ideal para essa aplicação inclusive em motores flex, também disparou uma corrida que, além das tradicionais Bosch, Delphi e Magneti Marelli, inclui agora a Continental.

 

De fato, se já existe algum reflexo do Inovar-Auto, ficou explícito na Automec. Algumas tecnologias avançavam lentamente no Brasil e passam agora por bom impulso. Correntes de acionamento de válvulas (em substituição a correias dentadas que exigem trocas periódicas) e compressores compactos de ar-condicionado, ideais para os novos motores de três cilindros, são alguns exemplos. Às vezes, podem trazer economia de combustível de apenas 1%, como velas de ignição com eletrodo de irídio, da NGK, muito caras. Porém, duram quatro vezes mais e, assim, parte do seu custo é compensável.

 

Sistemas mais complexos, como embreagens duplas para caixas de câmbio automatizadas, fabricadas na Alemanha pela Schaeffler, conviveram com soluções práticas e acessíveis, na feira. Um fabricante nacional, Power Stop, desenvolveu servofreio para modelos que nunca tiveram esse conforto: Fusca, Jeep e picapes antigas. Gates mostrou uma ferramenta para medir desgaste de correias. Tenneco/Monroe apresentou linha de amortecedores com garantia de três anos ou 60.000 quilômetros, impensável anos atrás.

 

Grandes produtores de autopeças, a exemplo de Bosch e Delphi, anunciaram que continuam a ampliar suas redes de oficinas com padrão definido de atendimento. Além de estimular profissionalização em processos e garantia dos serviços, entram na luta por atrair clientes de concessionárias, autocentros e oficinas convencionais. Resultado tem sido manutenção de qualidade a preços menores.

 

RODA VIVA OBJETIVO do novo presidente da Anfavea, Luis Moan, é atacar a falta de competitividade para exportação de veículos brasileiros. Hoje, o País vende no exterior menos da metade do volume de 2005. Sem ajuda de desvalorização cambial do passado, o chamado custo Brasil é grande empecilho, além da carga de impostos “escondida” exportada junto com os veículos.

 

SUV MÉDIO S5, da JAC, que só chegará aqui em 2014, estreia a segunda geração de arquiteturas da marca chinesa. Em rápida avaliação em Hefei, cidade-sede do grupo, o carro passou sensação de robustez. Interior e materiais utilizados subiram de nível, embora ainda tenham que evoluir. No padrão de teste colisão vigente na China é primeiro a obter cinco estrelas.

 

POSIÇÃO ao dirigir e o volante de pequeno diâmetro para permitir visão do quadro de instrumentos por cima do aro são sensações notáveis no Peugeot 208. Toda a atmosfera interna do carro é bastante agradável, inclusive o teto solar panorâmico, embora cortina interna devesse isolar melhor o calor. Motor de 1,45 l/93 cv não é ideal. Suspensões estão bem acertadas.

 

PRODUÇÃO do utilitário esporte ix35 em Anápolis (GO), em instalações da Hyundai-CAOA, sofre novo atraso. Primeira previsão era final do ano passado, depois passou para março e, agora, próximo trimestre. Especulações apontam demora nas negociações com o BVA, sob intervenção do Banco Central. Grupo CAOA tem R$ 600 milhões emperrados naquela instituição.

 

PUBLICAÇÃO do Sindipeças confirmou indicadores internacionais do Brasil em 2012: quarto maior mercado interno e sétimo produtor mundial. Frota real de 38.025.799 unidades (sem motos) está em nono, no mundo. Em número de habitantes por veículo – 5,5 – o País aparece em distante 15º lugar, ou seja, muito ainda para crescer.

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