Fernando Calmon

Engenheiro e consultor técnico de comunicação e de mercado e jornalista especializado desde 1967. Seus textos são publicados simultaneamente em 35 jornais, revistas e sites no Brasil e no exterior. A coluna - Alta Roda - começou a ser publicada em 1999 e firmou-se como referência no jornalismo especializado pela independência e análises objetivas.

Ver artigos deste autor

ALTA RODA - DIFERENTE REALIDADE

Postado em 09/03/2012 - 06:14

O atropelamento fatal de uma ciclista na Avenida Paulista, via simbólica da maior cidade do País, levou a uma comoção. Não apenas pela violência, mas pela cobertura dos meios de comunicação. Depois de gesticular após levar uma fechada, a moça se desequilibrou e caiu praticamente sob as rodas de um ônibus que trafegava em sua faixa dentro da velocidade permitida. Testemunhas afirmam que outro ônibus (este fora de sua faixa) teria esbarrado na ciclista e seria o causador, de fato, do acidente. Também há quem aponte um automóvel como o primeiro a fechar a vítima.

Análise menos emocional indica ser muito perigosa a convivência entre veículos de propulsão humana e os demais numa avenida de trânsito pesado e sem ciclovia. Além da diferença de velocidade – motocicletas, por exemplo, acompanham o fluxo –, a visibilidade restrita de uma bicicleta por parte dos motoristas é evidente. Então, por mais que se deseje incentivar esse meio de transporte alternativo, talvez se precisem estudar melhor os riscos envolvidos. Campanhas de conscientização apresentam resultados lentos. Ausência de ciclovias ou ciclofaixas desaconselham a liberação sem restrições ao tráfego de bikes, em qualquer dia e horário, em vias problemáticas.

Segurança em estradas é outro tema que merece bastante atenção. Um dos melhores estudos recentes foi apresentado, no final do ano passado, pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento e a Fundação Dom Cabral. A entidade mineira destacou o pesquisador Paulo Resende para coordenar o trabalho com objetivo de analisar acidentes no Brasil, suas características e enfoque nas condições de tráfego.

Um trabalho de fôlego, com mais de 80 referências bibliográficas, estatísticas e de pesquisa, incluindo autores independentes, consultores, órgãos governamentais e não governamentais, do Brasil e do exterior. Entre as citações está a de J. L. Guasch (Banco Mundial): “A infraestrutura, e em particular as rodovias, são importantes elementos ligados à produtividade, aos custos e à competitividade da economia. Quando um país possui sistema de transportes ineficiente, há um alto custo a ser pago e se torna um entrave ao desenvolvimento da nação.”

O relatório aponta a diferente realidade no Brasil. O governo não consegue oferecer infraestrutura eficiente, é incapaz de fazer investimentos necessários para melhoria e manutenção de serviços essenciais ao bom funcionamento das rodovias. 

Entre 2005 e 2009, acidentes com mortos aumentaram em 33% quando comparadas estradas ruins e em boas condições. Nos dois extremos – condições péssimas e ótimas – a diferença de mortos foi de 81%. Entre rodovias públicas e concedidas (com pedágio e boa manutenção), acidentes fatais foram 62% superiores nas primeiras do que nas segundas. Porém, se constatou aumento em acidentes sem vítimas e com feridos nas rodovias de melhor qualidade pelo excesso de confiança dos motoristas.

Ao analisar 25.000 quilômetros de estradas, o conjunto de falhas humanas chega a responder por 90% dos acidentes. Principal conclusão do estudo é que não basta melhorar as estradas, quando a sociedade não está preparada para lidar com o trânsito e sua complexidade.

 

RODA VIVA

Resultado de vendas de veículos no mercado interno, nos dois primeiros meses do ano, foi ligeiramente inferior ao mesmo período de 2011. Só no final do primeiro trimestre, se poderão analisar as tendências, retirando fatores sazonais. No ano passado, Carnaval foi em março e este ano, em fevereiro. Comparação fica distorcida em termos de dias úteis.

Range Rover Evoque (versão de topo, duas portas, R$ 258.000) destaca o estilo audacioso. Interior moderno, completo e bem acabado, motor 2-litros (turbo) de 240 cv e bom câmbio automático, além do pacote de gerenciamento da tração 4x4, formam belo conjunto. Difícil administrar forma e função: má visibilidade traseira e enormes espelhos externos atrapalham uso urbano.

Tração apenas nas rodas dianteiras não é marca registrada da Jeep. Mas o Compass chegou para atender quem se liga apenas no visual, posição elevada ao dirigir e ângulos razoáveis de ataque, saída e rampa no fora-de-estrada leve. Nível de equipamentos adequado entre R$ 99.900 e R$ 139.900 (já com IPI alto). Porta-malas de apenas 328 litros é um ponto fraco.

Semáforos de trânsito poderão ser, no futuro, coisa do passado. Universidade do Texas criou um programa que administra hora exata e espaço de cada veículo para que se cruzem sem parar e sem o menor risco de colisão. Por enquanto, está em nível de simulação em laboratório. Depende de todos os carros utilizaram esses “pilotos automáticos” interativos.

Correção: novo motor diesel da Chevrolet S10, voltado ao torque elevado, é de origem italiana, da empresa VM Motori, que o desenvolveu em conjunto com a marca americana. VM é controlada 50% pela GM e, agora, 50% pela Fiat. Esse motor é fabricado no Brasil pela MWM, sob exclusividade, em Canoas (RS).
 

< Voltar para Listagem
Comentar