Fernando Calmon
Engenheiro e consultor técnico de comunicação e de mercado e jornalista especializado desde 1967. Seus textos são publicados simultaneamente em 35 jornais, revistas e sites no Brasil e no exterior. A coluna - Alta Roda - começou a ser publicada em 1999 e firmou-se como referência no jornalismo especializado pela independência e análises objetivas.
Ver artigos deste autorEstá difícil fazer previsões para o próximo ano sobre mercado interno e produção total da indústria (inclui exportações). Isso ficou claro durante o Congresso Autodata Perspectivas 2022 que, tradicionalmente em outubro, procura lançar uma visão sobre o ano seguinte.
Os vários executivos dos fabricantes de veículos, seus fornecedores e concessionárias foram unânimes em apontar as incertezas em razão dos problemas de fornecimento de componentes, taxas de juros, inflação, preços do petróleo e agitação de um ano eleitoral nos três níveis de governo.
Na realidade, até estimar o que vai acontecer neste último trimestre fica difícil. A Anfavea prevê o mercado interno total (veículos leves e pesados) em 2021 em um intervalo de menos 1% a mais 3% sobre 2020: 2.038 milhões a 2.118 milhões de unidades. Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade, tem olhar otimista com moderação. Sua primeira previsão aponta para 2022 um volume de 2,28 a 2,6 milhõesde unidades vendidas. E só em 2025 se alcançaria o patamar de 3 milhões de veículos.
A escassez no fornecimento de semicondutores é um dilema de toda a indústria mundial de veículos. Investimentos neste setor são bastante elevados e demoram a maturar. “Custo de perder clientes pode ser maior do que investir em chips”, comentou Moraes.
Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças, mostrou cautela. “No próximo ano juros altos afetarão o consumidor. Mas só teremos como analisar melhor o cenário quando a produção puder atender toda a demanda”, indicou. O setor espera aumento de 10% no faturamento.
Pablo Di Si, presidente da VW América Latina e Caribe, acredita que a procura continuará forte nos próximos meses. As pessoas não puderam viajar e estão querendo trocar de carro. Porém, inflação e juros podem atrapalhar. Equilíbrio entre oferta e procura deve se alcançar em meados de 2022. Em sua visão, crescimento de 5% a 10% parece garantido.
Entre os otimistas está o presidente da Renault, Ricardo Gondo. Ele prevê o mercado crescer de 15% a 20%. As locadoras, que não puderam ser atendidas este ano, precisarão renovar suas frotas. A produção deve melhorar só no segundo semestre, se a tendência de maior suprimento de semicondutores se consolidar. Na próxima semana, o presidente mundial da Renault, Luca de Meo, virá ao Brasil. Novo plano de investimentos deve ser anunciado.
Santiago Chamorro, presidente da GM América do Sul, somando os pontos positivos e negativos, acredita que, se superados os problemas de componentes, a produção em 2022 dará um bom salto. Contando com exportações aquecidas, o País poderá fabricar entre 2,6 e 2,8 milhões de veículos leves e pesados.
O presidente da Toyota do Brasil, Rafael Chang, também se alinha entre os que acreditam que 2,6 milhões de veículos serão comercializados no próximo ano. Taxa de câmbio elevada levará a marca japonesa a incrementar a localização de peças e exportar, o que está no âmago da empresa. Sua fábrica de Sorocaba começará a trabalhar em três turnos.
Segmentos de modelos importados e de preços mais altos, representados por BMW e Volvo no Congresso, estimam crescer até 20%. A BMW, além de 20 lançamentos, deve fabricar outro modelo no Brasil. Anúncio será feito em novembro.
ALTA RODA
ARQUITETURA modular MLA da Fiat, que estreou no novo SUV Pulse, será a base do novo modelo para o segmento C, em 2022. As dimensões serão outras com mudanças que incluem largura, entre-eixos, balanços dianteiro e traseiro, comprimento, altura, reposicionamento dos bancos dianteiro e traseiro, além do porta-malas. Ainda haverá um terceiro produto, de sete lugares, para completar a gama.
PICAPE média Chevrolet S10 aumentou para cinco as opções na gama. A nova Z71 está, no meio do portfólio, por R$ 260.490. Tem pegada mais “aventureira”, decoração bem elaborada e um acessório muito útil: defletor entre estribo e soleira das portas para evitar acúmulo de barro. Arco de segurança (santatônio) também é novo. Pneus aro 18 com reforços laterais e mais borracha, da Michelin, são de série.
SEDÃ-CUPÊ elétrico Porsche Taycan Turbo S permite acelerações de tirar o fôlego, em especial com controle de largada. Potência de até 761 cv (momentânea) permite acelerar de 0 a 100 km/h, em 2,8 s e de 80 a 120 km/h, em incrível 1,7 s. Perfil e traseira são seus melhores ângulos. Banco do motorista inclui 18 vias de ajuste. Amplo espaço para as pernas (2,90 m entre eixos). Bem baixo (1,38 m), acesso ao interior não é tão fácil. Manter altas médias em estrada exige planejamento, com queda rápida no alcance.
PIRELLI lançou, simultaneamente, três famílias de pneus. Cinturato P7 tem características melhoradas em piso molhado, frenagem e resistência ao rolamento (4% menos de consumo de combustível). Scorpion indicado para SUVs em asfalto e Scorpion HT para SUVS e picapes on e off-road. Introduziu ainda o Seal Inside, proteção contra perfurações por objetos de até 4 mm de diâmetro. Agora fabricado no Brasil, acrescenta 10% a 15% ao preço do pneu.