Fernando Calmon
Engenheiro e consultor técnico de comunicação e de mercado e jornalista especializado desde 1967. Seus textos são publicados simultaneamente em 35 jornais, revistas e sites no Brasil e no exterior. A coluna - Alta Roda - começou a ser publicada em 1999 e firmou-se como referência no jornalismo especializado pela independência e análises objetivas.
Ver artigos deste autorFevereiro de ano bissexto deu embalo extra para lançamentos. Depois da picape média Toro, chegaram o Toyota SW4 (modelo de marca generalista de maior valor produzido no Mercosul) e a linha Gol/Voyage 2017. A Volkswagen mostrou a segunda revitalização da quinta geração do hatch, que liderou o mercado por nada menos de 27 anos seguidos, além de ser o mais produzido (supera 7,8 milhões de unidades desde 1980) e exportado (mais 1,3 milhão para 60 países).
A empresa alemã resolveu aplicar o velho ditado: “Isca tem que ser boa para o peixe, não para o pescador”. Extirpou a assinatura “Das auto” (O carro, em alemão). Adotou política de preços sem “apanhar” dos adversários. Acrescentou itens de série e ainda diminuiu o preço médio sugerido do Gol em 2,5% e do Voyage, 5,7% (parte traseira sem mudanças). Versão de topo Highline incluiu frisos cromados frontais que agradam a boa parte do mercado (não a este colunista, avesso a artificialismos, penduricalhos e adepto da escola “forma e função”).
Há três ofertas de acabamento. Gol vai de R$ 34.890 a R$ 55.290 e Voyage, de R$ 40.990 a R$ 58.590.
O Gol mudou relativamente pouco na frente e na traseira, pois a sexta geração começa a partir do final de 2018 – quatro produtos novos; outros três serão Voyage, Saveiro e o primeiro SUV compacto da marca. Os distraídos podem pouco perceber a linha 2017. Mas o painel é completamente novo de ponta a ponta, tem o volante multifuncional do Golf e quadro de instrumentos cerca de um terço maior para melhor visibilidade e novas funções.
Conectividade e infotretenimento passaram a ponto de honra para a Volkswagen. Há quatro opções inclusive de tela tátil e capacitiva (zoom com os dedos) de até 6,33 pol. Para muitos que apreciam aplicativos de roteirização de trânsito em tempo real, criou um suporte para celular bem robusto (opcional livre) que contém entrada USB para recarregamento com fio curto.
Outro ponto forte é o motor de 1 litro, 3-cilindros o mesmo do up! MPI e que já estava no Fox desde o Bluemotion. São 82 cv com etanol (6 cv a mais que o de quatro cilindros que sai de linha, mas continua na versão de 1,6 L/104 cv) e ganho de eficiência energética de 11% em mJ/km. Apesar de ser maior e mais pesado que o up!, Gol e Voyage nitidamente têm desempenho melhor que os modelos 2016, tanto em aceleração quanto em retomadas na mesma marcha. Como em todo motor tricilíndrico percebem-se mais ruídos e vibrações, mas o que entrega de volta em desempenho e consumo vale a pena.
Quanto ao SUV médio-grande SW4, produzido na Argentina, a Toyota desvinculou o nome Hilux não apenas por opção de marketing. A carroceria é toda nova, juntamente com o painel (quadro de instrumentos, igual), o acabamento interno e mais equipamentos de série. Suspensão traseira tem molas helicoidais e dois braços de fixação de cada lado (na Hilux, molas semielípticas), o que melhora a dirigibilidade no asfalto e na terra, apesar de peso em ordem de marcha de até 2.130 kg. Freios são a disco ventilados nas quatro rodas (na picape de cabine dupla, tambores atrás).
Preços: R$ 205.000 (V-6 gasolina) a R$ 225.000 (L-4, diesel, 7-lugares). Logo chegará o L-4 flex a preço menor.
RODA VIVA
DESDE o lançamento, em 2012, Peugeot afirma que o 301 feito na Espanha (sedã compacto encorpado e despojado concorrente do Logan em mercados emergentes) não se destinava ao Mercosul. Rumores na Argentina indicam que o grupo francês estuda vender lá o 301 (3-cilindros, 1,2 L). Não incluiria o Brasil, mas com os novos ares da PSA, quem sabe?
PARTICIPAÇÃO de motores de 1 litro nas vendas de automóveis caiu ligeiramente de 34% (dezembro) para 33,7% (janeiro). Com a tendência de substituição de motores de quatro cilindros de baixa cilindrada por três cilindros, mais cedo ou mais tarde esse quadro mudará. GM, Honda e Fiat já têm projetos adiantados, além de Renault que usará motores Nissan.
ACCORD 2016 recebeu pequenas atualizações e se tornou mais competitivo em preço (R$ 156.500, versão única). Manteve motor V-6/280 cv que agrada pela sonoridade e desempenho. Também melhorou o acerto de suspensões mesmo em pisos irregulares. Ótima câmera no retrovisor direito (além da traseira) que reproduz imagens na segunda tela central.
AUDI E BMW, nos bastidores, riram baixinho quanto à chegada da arquirrival Mercedes-Benz ao mercado de picapes de cabine dupla em 2018 em parceria com a aliança Renault-Nissan. Puristas, de fato, não vão gostar, mas o tempo dirá quem está certo. Sem emitir juízo de valor, há de se considerar que a M-B produz caminhões há décadas. Então não seria um despropósito.
PROCEDÊNCIA, histórico e avaliação física completa de veículos usados reprovaram 16% dos avaliados em 2015 pela Dekra. Resultados altos para padrões internacionais de vistoria em carros particulares, de lojistas e de concessionárias. 68% foram irregularidades em pintura, identificação e estrutura do automóvel, inclusive chassi danificado. Preço desta inspeção é de R$ 120.