Fernando Calmon

Engenheiro e consultor técnico de comunicação e de mercado e jornalista especializado desde 1967. Seus textos são publicados simultaneamente em 35 jornais, revistas e sites no Brasil e no exterior. A coluna - Alta Roda - começou a ser publicada em 1999 e firmou-se como referência no jornalismo especializado pela independência e análises objetivas.

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ALTA RODA - CONVIVÊNCIA PACÍFICA

Postado em 14/11/2014 - 08:13

Magnetismo das novidades e clima de festa dos salões de automóveis algumas vezes deixam de lado boas discussões em torno do tema do momento, a mobilidade urbana. O salão recém-encerrado em São Paulo não foi exceção. Organizado em paralelo à exposição, o Fórum Presente e Futuro da Indústria Automobilística teve boas palestras e, em particular, um estudo inédito da Anfavea sobre a evolução do mercado brasileiro nos próximos 20 anos. Em geral, as projeções se limitam a um horizonte de cinco a dez anos.

 

Segundo a entidade, nossa taxa de motorização de 5 habitantes por veículos este ano evoluirá para 2,4 habitantes por veículo em 2034 (cenário otimista, 2,1; pessimista, 2,7). A frota real hoje, excluídos veículos de duas rodas, é de 40 milhões de unidades (esqueça números do Denatran, que desconhece sucateamento). Em duas décadas terá mais que dobrado para 95 milhões de veículos (otimista, 106 milhões; pessimista, 85 milhões). Como referência, os EUA com extensão territorial contínua (sem Alasca e Havaí) pouco menor do que o Brasil têm frota atual de 250 milhões.

 

Esses cálculos econométricos se basearam na taxa de motorização versus PIB per capita em 17 países selecionados, entre 2001 e 2012. O cenário só não se confirmaria, na visão da Coluna, se a política econômica continuasse tão ruim como está.

 

Logo vem a dúvida de como será possível vender tantos carros se as grandes cidades sofrem com trânsito saturado. A resposta está no crescimento muito mais acelerado das frotas de pequenas e médias cidades. Considerando só licenciamentos de veículos novos, cidades entre 5.000 e 10.000 habitantes tiveram aumento de 124% entre 2007 e 2013. São Paulo cresceu só 6% porque a cada 1.000 novos emplacamentos algo entre 800 e 900 veículos foram vendidos para outros municípios ou sucateados por idade, acidentes e roubos.

 

O estudo serve de alerta para que planos diretores que incluam a mobilidade entre as prioridades passem logo para ordem do dia nas cidades de crescimento – muito justo – bem acima da média nacional. Tais planos precisam ter em vista os erros de planejamento viário e de transportes cometidos até hoje pelas grandes e médias cidades, antes que seja tarde demais.

 

No Fórum citado, o professor Diego Conti, do Núcleo de Estudos do Futuro da PUC-SP, lembrou que "a cidade chinesa de Xangai, em 1990, não tinha malha metroviária. Agora são 350 km, enquanto São Paulo hoje, somente 74,3 km”. Há um pormenor: a capital paulista começou a construir sua primeira linha em 1968. Por várias razões – custos altos e inflação histórica entre as principais – são erros que não podem mais se repetir porque os prejuízos com o trânsito lento são bem grandes e abrangentes.

 

Obviamente o metrô deve ser precedido pelo trem metropolitano – com estacionamentos integrados para veículos de duas ou mais rodas motorizados ou não – e por corredores de ônibus no centro das vias. De pouco adianta simplesmente pintar faixas de ônibus à direita sem critérios ou estudos de fluxo/benefício como se faz agora em São Paulo.

 

Atendidas essas premissas, pode haver convivência pacífica entre transporte público e o não coletivo, em especial pelos recursos atuais de conectividade.

 

RODA VIVA

 

APESAR de as vendas no segundo semestre estarem melhores do que no primeiro, este ano está definitivamente perdido. Anfavea continua a apostar numa queda de 5% sobre 2013, porém o mais provável é um tombo de 10%. Já se tem como certo que o IPI aumentará em janeiro – e pode gerar movimento de antecipar compras –, mas há esperança de volta da alíquota máxima.

 

HONDA prepara renovação total de seus motores, inclusive no Brasil, exibidos no recente Salão do Automóvel e confirmados na conferência internacional de tecnologia e inovação da SAE Brasil em seguida. Para cá serão todos turboflex: 3-cilindros, 1 L/140 cv e 4-cilindros, 1,5L/200 cv. Há ainda o 2 L/300 cv, importado.

 

NADA é comparável em sonoridade ao motor de seis cilindros em linha. E o do BMW M235i comprova isso de forma cabal com extrema suavidade por toda a faixa de rotações. Isso apesar de o sistema biturbo, que proporciona 330 cv e quase 45 kgfm, abafar um pouco do que se sentia no tempo dos motores aspirados. Este cupê da Série 1 de fato emociona, até mesmo no preço de R$ 230 mil.

 

NAVEGAÇÃO alternativa em tempo real, capaz de escolher a rota menos congestionada, é aposta da TomTom com seus novos aparelhos de 5 e 6 polegadas. Pareado com um telefone inteligente e seu plano de dados móveis, o modelo GO promete atualização a cada dois minutos e precisão de localização de apenas 10 metros. Preços: R$ 899 a 1.499 (este com mapas dos EUA).

 

COMO opção às dificuldades de aceitação da marca italiana no mercado mexicano – o oposto ocorre no Brasil – a Fiat resolveu dar uma cartada. Mudou o nome da picape Strada para RAM 700 e do Grand Siena para Dodge Vision. Decisão tomada no Brasil, responsável pelas estratégias comerciais do Grupo FCA para toda a América Latina.

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